terça-feira, 31 de julho de 2007

gabrielle.


Cara de mal
Cabelo espetado
Fumando cigarros
Atrás de trocados

Coração mole
Filme de amor
Declarações em publico
Não acabou.

Estilo doentio
Falso pudor
Piercing na língua
Expressão de terror

Olhos pintados
Tatuagem tribal
Jeito de criança
Fome de animal

Filmes de amor
Fome de animal
Expressão de terror
Cara de mal


okay, é o tipo mais sem graça de poesia...rimas simples de substantivo e substantivo, verbo e verbo...igual letras de forró. mãããns... eu gosto dessa poesia.

=*

terça-feira, 17 de julho de 2007

pingente do céu.

o calor da janela me chamava, por entre os vidros sujos via-se um céu azul. azul esbranquiçado. exatamente em cima do prédio abandonado que fica na minha diagonal esquerda estava uma nuvenzinha. ela cobria o sol.

lá, em cima do prédio abandonado, o céu não era da cor citada anteriormente. era cor de ouro. dourado, como um pingente de um colar infinito.

fitei o pingente por alguns instantes, pensei nesse texto. fui dormir.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

por entre bentevis e jovens.

um cheiro de tinta exalava do banco em que estava sentado. era branco, de madeira e com suportes de metal pintados de cinza... o banco, é claro. ele era um jovem, por volta de seus dezesseis anos, moreno, cor de chocolate. tinha os ombros largos e um peitoral trabalhado, que ficava bem perceptível devido a posição que se encontrava.

seu pescoço estava jogado para trás, mostrando um alto pomo de adão e deixando suas costas totalmente pressionadas contra o encosto do banco. seus olhos estavam fechados, ele parecia estar pensando. não, na verdade ele não estava pensando, estava concentrado, tentando distinguir os cantos dos passarinhos.

a praça em que ele se encontrava não diferenciava-se de nenhuma praça brasileira e era totalmente cheia dos chamados "ratos com asas", também conhecidos como pombos. eles cantavam com alegria, talvez usando o canto como forma de agradecimento aos vários pedaços de pães que lhes eram jogados. entre os cantos desses vários pombos, quem estivesse atento poderia ouvir um canto diferente. o dono desse canto diferente era um pequeno bentivi que estava pousado no chafariz central da praça.

um cheiro de água podre exalava do chafariz em que estava pousado. era cinza, de cimento e com suportes de também cimento pintados de branco...o chafariz, é claro. ele já não era um filhote, mas não podia ser chamado de adulto, tinha a barriga amarela, sua cabeça era branca, tinha uma espécie de máscara escura nos olhos e suas asas eram pardas. seu bico era fino e preto. apesar de não ser muito grande tinha uma postura glamorosa.

dava pequenos pulinhos pelo chafariz, abrindo as asas e mostrando sua brilhante barriga amarela. cantava com toda sua alma de ave passeriforme. sua cabeça movimentava-se rapidamente, acompanhando todas aquelas pessoas que se encontravam na praça. não, na verdade ele acompanha o barulho que elas faziam.

a praça em que ele se encontrava não diferenciava-se de nenhuma praça brasileira e era totalmente cheia dos chamados "inconvenientes", também conhecidos como seres humanos. eles gritavam de loucura, talvez usassem o grito como algo, mas realmente seria algo complexo demais para bentivis entenderem. entre todos os seres humanos ali, um destacava-se por não ser dono de ruído algum. o dono da falta de ruídos era o nosso já conhecido jovem, por volta de seus dezesseis anos, moreno, cor de chocolate.

o bentevi voou do alto do chafariz em que estava pousado, foi voando calmamente, o mais alto que conseguiu. posicionou-se exatamente em cima do dono da falta de ruídos e de repente deu um rasante, posando no chão a cerca de uma metro do banco em que o rapaz estava sentado, preparou a sua anunciação e quando cantou a primeira sílaba de seu jargão foi surpreendido pelo olhar de um certo rapaz e por um certo estilingue que esse rapaz tinha em mãos e, estava apontando-lhe.

em questão de segundos o olhar do pequeno pássaro encontrou o do jovem, pareciam concentrados no que faziam, cada qual tinha o olhar fixo no fundo dos olhos do outro. e, por um breve momento trocaram de lugar.

o jovem levantou-se, desnorteado, deixando o estilingue cair no chão. parecia sair de um transe, uma espécie de renascimento. deu alguns passos rápidos e olhou para trás procurando o pequeno bentivi, mas foi pego de surpresa por um turbilhão de emoções. sem pensar abriu os braços e correu por entre os pombos da praça, sentia-se verdadeiramente livre. o bentivi estava pousado do banco branco, seus pequenos olhos pretos brilhavam no sol enquanto observava um jovem correndo pela praça. sentia-se satisfeito por mostrar à um jovem a sensação da verdadeira liberdade, liberdade essa que há pouco aquele mesmo jovem tentaria lhe tirar.


"Olhe no fundo dos olhos de um animal e, por um momento, troque de lugar com ele. A vida dele se tornará tão preciosa quanto a sua e você se tornará tão vulnerável quanto ele. Agora sorria, se você acredita que todos os animais merecem nosso respeito e nossa proteção, pois em determinado ponto eles são nós e nós somos eles”.[Philip Ochoa]



aprendizado do texto¹: por mais que pareçam bonzinhos e atenciosos os seres humanos podem dar uma estilingada em você.

aprendizado do texto²: animaizinhos podem não parecer, mas também tem suas sapiências.

beijos a todos. =*

quinta-feira, 5 de julho de 2007

my log is gone.

provavelmente eu já sabia faz tempo, realmente não me lembro agora, mas foi hoje. hoje que notei que havia perdido todos meus logs do msn. eu entrei na pasta, parei, pensei, procurei e percebi,finalmente, que eles não estavam escondidos. tinham realmente sidos deletados. não tenho certeza de quando, talvez na última formatação do computador. eu realmente não tenho certeza de quando!

então vim aqui, abri o notepad pra escrever sobre esse fatídico acontecimento. no meu íntimo eu só esperava uma coisa, esperava começar a escrever aqui, que nem um burro desembestado, numa espécie de transe. e, que quando acordasse desse transe, tudo estivesse aqui, meus logs todos escritinhos nessa página de notepad.

eu acho que eu consenti com o apagamento dos logs, mas agora parece um vazio, eu gostava tanto de lê-los as vezes numa madrugada como essa. rindo das piadas passadas, revivendo os tormentos... passando por tudo que já aconteceu, fazendo uma retrospectiva. certo, eu sei que sou muito nostalgia e também muito apegada a essas coisas, mas quem não gosta de olhar um pouquinho para trás e lembrar-se?

ah, eu vou superar isso... mas tenho que dizer que tem uns 5 logs que eu REALMENTE ainda queria ter :~







*tá, eu sou emo, eu admito. =*

segunda-feira, 2 de julho de 2007

lance, o freelancer.

empurrou com força as portas estilo emergência de hospital, queria chamar toda a atenção que pudesse. queria dizer à todos que estava ali, realizando o seu sonho de enfim ser jornalista.

entrou na redação com a confiança extravasando de seus poros, seguia um imenso corredor com a cabeça erguida, ele sabia, sabia que teria muita coisa a enfrentar. mas nada poderia deter o sentimento revolucionário que pulsava em seu peito.

ele era um romântico, não só daqueles que sonham, mas daqueles que vão atrás, que buscam. que correm, lutam e no final de tudo conseguem. o romance que ele tinha pela arte de escrever, de comunicar ao mundo os acontecimentos, podia ser percebido a metros de distancia, era exalado dele, tal qual um perfume impregnado.

era difícil de explicar o prestigio que ele sentia de estar ali, de poder participar de toda aquela grande organização, que, acreditava ele, podia ser mais funcional que qualquer passeata, qualquer guerra ou revolução. sempre pensou que era a mídia que mudava e manipulava as mentes dos telespectadores e, como foi dito anteriormente ele era um romântico. tinha um romance especial com a idéia de tentar fazer as pessoas criarem um opinião própria, sem se embasar na mídia.

sua opinião diferia do seu novo trabalho, mas ainda assim ele seguiu em frente, pos seu plano em prática, escrevia com total imparcialidade, deixando as brechas para a opinião do leitor. achava que conseguiria ser mais forte que toda aquela organização. mas era uma guerra perdida, um exército todo contra um só. não seria possível nunca alcançar a vitória. ele reconheceu a derrota.

havia desistido de trabalhar num jornal, era um pobre freelancer que tentava mudar o mundo, mas ele só tentou até o dia que uma adolescente que devia ter por volta de 15 anos chegou ao seu lado e disse: "você não é o lance, o jornalista?" ele respondeu positivamente. a menina abriu um sorriso e continuou "ah cara, adorava sua coluna, seu jeito de escrever é o melhor! você me inspirou, de verdade". ele soltou uma gargalhada, a menina achando estranho a reação resolveu ir embora.

o pobre freelancer achou-se patético, já que apenas uma garotinha o achara um bom jornalista... mas, foi enquanto a palavra “garotinha” repetia-se no vácuo do seu cérebro que percebeu que todos os seus esforços de mudar o mundo haviam funcionado, já que mudara a idéia de um dos futuros habitantes do mundo e, esse com certeza continuaria o seu legado. o freelancer havia feito a sua parte. do jeito que pôde.