excruciating pain.
sempre gostei dessas duas palavras colocadas juntas. são bonitas, não? repito-as algumas vezes por dia, em alguns determinados dias.
queimaduras, com fogo, com gelo. cortes, com facas, com unhas. mordidas, atropelamentos, saltos perigosos, já provei um pouco de todos. senti um pouco de cada uma dessas dores, surtei, suei, sarei. sou forte, sou uma mulher de fibra, tenho meus vinte e muitos anos e além de dor, não tenho mais nada. não sinto mais nada.
acordo em um quarto cinza, saio para rua clareada por um céu nublado. todos os rostos são pálidos, todos menos o aquele seu que já foi meu um dia. seja qual for a sua cor agora, seja com quem for seu dia agora, não acredito que vá fazer a menor diferença. meu rosto agora é nada, sem cor, sem dor. obrigo-me a sentir, mas o vazio sempre torna a voltar.
não me falta amor, não me falta você. o que me falta é sofrer a dois, é a emoção de um dia que muda de cor, dependendo não apenas do meu humor. e, em um mundo onde não vejo um olhar que faça o céu azul, um sorriso que faça o sol brilhar, a única cor que parece se destacar, algumas vezes por dia, em alguns determinados dias, é o vermelho. vermelho de um sangue que correndo me faz ver, não há dor pior do que um coração inacelerável.