sexta-feira, 27 de agosto de 2010

botão pra esquecer.

de uma hora para a outra, sem mais nem menos, olhei para o lado e não te vi mais ali. você foi embora sem deixar aviso ou bilhete. e, admito, levou um pedaço meu, uns sorrisos e algum amor.

foi assim que nós deixamos de ser nós. enquanto me perguntam de ti pela rua, sem respostas, lembro dos dias de você do lado. de compatilhar alguma coisa assim meio sem definição, diferente demais, o que as pessoas denominam como especial. aquilo nosso que era bonito, confuso e meio sem explicação, mas nosso.

não te culpo, não te obrigo a ficar.
só queria um botão para esquecer ou te fazer lembrar, talvez uma alavanca que te faça voltar.




ps: enquanto não esqueces de mim.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

depois de algum tempo sem qualquer postagem digna, venho aqui postar não só mais um texto ou mais notícias da minha vida, mas também postar a mudança de nome e talvez de formato do blog. agora atendendo pelo endereço de "livia-f" o blog ganha o meu típico tom egocêntrico, mais do que nunca esse pedaço é meu.
- é seu? tem seu nome?
- sim, agora tem.
e assim talvez perca toda a poesia, mas espero que ganhe um tom pessoal, uma maior descontração.

chega de mais tentativas, essa é a final. é a experiência vivida a cada dia, a experiencia de ser eu, livia, magra, chata e mais sensível do que deveria.
e então, aproveitando posts antigos, dou a largada para esse novo conceito na forma de me mostrar.


ps: não se assustem se encontrarem receitas, tutoriais e indicações/críticas de filmes/musicas/livros por aqui. tudo faz parte de mim.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

que estranho é observar minha concepção de amor ser ignorada ou rechaçada pela grande maioria das pessoas. filha de jovens setentistas meio hippies, criada em um ambiente com o mínimo possível de influencias para preconceitos, aprendi logo cedo a abraçar as mais diversas formas de amor e a aceitar mesmo quando essas divergem da minha opinião. e então, depois de crescida e com a cabeça entulhada de idéias próprias sobre amor e relacionamento, bato de frente com uma sociedade que parece não entender ou fingir que não entende meia dúzia dessas idéias, por vezes a dúzia inteira.

amor pra mim é coisa séria, seriíssima. é entrega, é a verdade de alguém posta nas mãos do(s) outro(s), uma corda bamba sem começo nem fim e sem qualquer rede de proteção. já chegaram a me dizer que o nome disso é romantismo utópico, acredito que não seja mais que esperança. é, acho mesmo que amor e esperança são muito próximos, sendo o amor aquela vontade de acreditar em algo tão inteiro que mesmo dividido seja completo. o que acontece é que hoje, encontrar outro alguém que também pense assim é um trabalho hercúleo, o amor agora tem status de distração ou status algum. status, agora, é não precisar de ninguém, ter o corpo fechado para qualquer aproximação. compromisso é algo que se perdeu há algum tempo.
o que seria bom é que se a minha visão diferenciada de amor fosse só no quesito filosófico da questão, o problema é que ainda vou mais além. vou mais além por entrar no âmbito de relacionamentos amorosos. começo a fazer brotar caras de espanto quando falo que não acredito em sexualidade, acredito em preferência estética, mas que no fundo procura-se quem lhe faça bem e com esse alguém se constrói um relacionamento. não acredito na definição de papéis de um relacionamento, nem na limitação numérica de participantes ou como esses devem agir, e não acredito também em relacionamentos sem amor. numa analogia meio gauche o relacionamento pode ser como uma casa, o amor equivale aos móveis que fazem aquilo funcional e as pessoas os moradores que convivem com os móveis e com o ambiente em suas maneiras.
por muito tempo pensei que esses eram pensamentos completamente compreensíveis para os demais, mas é sempre depois de falá-los de cara limpa num grupo de pessoas que observo que as coisas não são bem assim. muitas pessoas não entendem a idéia da flexibilidade de relacionamento e confundem com falta de vergonha. outras, ainda presas nos pensamentos antigos, acusam de perda de valores, quebra do formato padrão de convívio em sociedade. o engraçado é pensar que são essas mesmas pessoas que amam pela metade, que não se entregam a alguém ou que “amam” por aparência, “amam” pelo dinheiro. que, enfim, amam de mentira.
talvez tenha pensamentos muito libertinos, muito livres de essência e muitas pessoas ainda continuam presas nas grades invisíveis dos olhos da sociedade, mas como disse antes, fui educada para não ter preconceitos e não tenho, nem dessas pessoas que discordam de tudo que acredito, tenho talvez algo próximo à pena. não por me achar dona da verdade, mas tenho pena por esse pensamento tão curto deles, por essa falta de esperança. porque, meu amigo, se não é amor em todas as suas cores e formas que vai salvar esse mundo, não sei o que vai ser.


- essa sou eu postando exercícios da faculdade no blog.

domingo, 8 de agosto de 2010

aonde os pais levam seus filhos.

cresci numa família que passa longe de tradicional. e, por isso, não quero dizer que somos hippies ou anárquicos, procuro dizer que somos diferentes do regional e atual conceito de tradicionalidade. sempre houve tarefas a serem cumpridas e algumas flexíveis normas comportamentais, até porque uma casa com seis pessoas exige, no mínimo, alguma organização. mas o que diferencia a minha criação das demais, é o fato da liberdade ter sido sempre fator presente em casa, não que ela tenha vindo inteira, jogada nas mãos de uma criança ainda sem maturidade, mas ela foi conquistável, adquirida. a única coisa que me foi exigida e estimulada durante toda minha vida, e ainda é, foi responsabilidade. não só saber o que é certo ou errado, mas ter a responsabilidade de planejar, fazer o que a vida lhe exige, mesmo que do seu jeito. e assim, mostrando responsabilidade (e um tanto considerável de criatividade) que conquistei toda a liberdade que tenho entre minha família.

não lembro de castigos ou palmadas que tenham conquistado qualquer alteração comportamental em mim, mas lembro de várias conversas com meus pais e irmãos que me fizeram sim, parar e pensar, mudar. aqui em casa não há carrasco, todos são amigos (sem que se perca o respeito) e a demonstração de autoridade jamais superou o cuidado. nunca fui impedida de fazer qualquer coisa que realmente quisesse, mas sempre fui alertada das conseqüências e em quase todas essas vezes não dei atenção e aprendi, da maneira mais difícil, como as coisas funcionam. porque, me desculpe você que obedece e continua ai sem arriscar, só se aprende indo, vendo e vacilando, não há discurso mais dolorido que uma queda, não há conselho que te faça realmente sentir o que vai acontecer. e aí encontro outro ponto que papai e mamãe passam longe dos demais, o protecionismo, a cápsula protetora que os pais costumam construir em volta de seus filhos. entenda, o problema não é proteger, é fazer isso de uma forma errada, construindo paredes de vidro que quando quebrarem cortarão a todos. e elas vão quebrar. a cada dia preso, maior a vontade de liberar-se e, então, chega o dia em que alguém ajuda a escapar ou que você mesmo consegue quebrar as barreiras, e aí os cacos vão para todos os lados. tanto você como os seus pais saem machucados, pois como humanos egoístas que somos, não conseguimos nos por no lugar dos pais que tiveram por tanto tempo aquele ser (nós) só pra eles e agora tem que dividir com o mundo, e eles não conseguem ver que ninguém é dono de ninguém, que as pessoas, mesmo as crianças e adolescentes, são livres.

as três pessoas mais incríveis que conheço são, sem dúvida, meus irmãos. devo a honra/sorte de conhecê-los, como eles são, aos meus pais, outras duas pessoas incríveis que sem pretensão e sem seguir cartilha qualquer souberam ser, literalmente, pais. eram jovens e tinham medo, mas ainda assim trabalharam duro pra formar pessoas de caráter impecável e com bastante responsabilidade. quem diria que o rapaz de cabelo bagunçado e calça xadrez e a moça de cabelo curto e ar rebelde, meu pai e minha mãe, tão diferentes das pessoas consideradas corretas e de respeito, formariam uma família tão centrada, bem objetivada e composta de pessoas tão inteligentes? talvez seja ai que está o segredo, a diferença. ambos nascidos no ceará, batizados, crismados e ateus, frutos da juventude setentista, liberais, politizados, estudados, dois batalhadores que nunca tiveram muito nos bolsos, mas o suficiente nas mãos. e foi com essa carga cultural que passaram o que eu e meus irmãos temos como norte, tendo como ponto principal a idéia de ser livre, mas vivendo em sociedade.

é aí que chego ao ponto que tento alcançar desde o título. os pais levam os filhos aos seus atos pelo o que eles passam, porque um filho é seu, mas a pessoa que ele é não é como você quer, do mesmo jeito que não se escolhe cor do olho do filho, não se escolhe se ele vai ser uma pessoa que necessita ou não de muita liberdade. o que tento dizer é que o pai escolhe o caminho que seu filho deve seguir passando pra ele as direções certas, mas não necessariamente direções fixas que funcionaram com outra pessoa. logo, se ele está seguindo o caminho errado, então o problema está com quem deveria direcioná-lo. de acordo com as direções começamos a distinguir o mundo e criar opiniões, tudo o que pensamos é influenciado por aquilo que nos foi passado pelos nossos criadores. porém, além disso, uma coisa importante que eles devem nos passar é a de deixar a própria influencia deles de lado, para que criemos uma visão própria, formando assim nossa bagagem cultural pessoal.

o que quero dizer é que se hoje sou a livia, 18 anos, sagitariana, solteira, careta, gay, liberal, estudante, atualmente contra o governo, sem religião, sou tudo isso graças ao meu pai e minha mãe, sou porque eles me fizeram assim e me levaram, naturalmente, ao melhor lugar que eu poderia estar. de bem comigo, com o mundo, e por mais brega que pareça, com a vida. sou uma pessoa completa que, tirando questões existenciais mais complexas, sabe quem é e o que quer. sei bem o quanto eles estão orgulhosos de mim e não posso comparar com o tanto que sou agradecida por eles, pelo melhor tipo de educação e relação que se pode haver.