domingo, 31 de agosto de 2008

sétimo andar.

por vezes já dividi o elevador com eles. o homem do sétimo andar e seus filhos que não podem ficar encostados na parede do elevador. ele diz pra eles que ali é sujo e eu fico me perguntando se existe algum problema psicológico em questão.

não é possível que crianças não façam nada que não seja sujo. infância é sinônimo de sujeira. meninice sem suar, subir em árvore, rolar na grama e pular na areia não existe. aqueles pequenos ficavam trancados em casa cada um com seus playstations esterilizados de bactérias e emoções mais fortes.

lá de cima, eles olhavam pela janela. viam as outras crianças correndo pelo pátio do prédio, andando de bicicleta, jogando bola. as mãozinhas passavam pela tela, quase como se tentassem alcançar os outros, lá em baixo.

foi então que um dia, em plena rebeldia, os dois resolveram aprontar uma aventura. desceram todos os sete andares que lhes separavam da infância. foram pela escada, caíram pelo caminho, machucaram os joelhos. sorriram quando viram o sangue sair dali, aquilo é que era diversão!

passaram a tarde correndo pelo chão de pedra do prédio. jogaram futebol de verdade, não o jogo do video-game. andaram de bicicleta e skate. empinaram pipa e jogaram pião. depois, no fim da tarde, deitaram-se na grama do parquinho e viram o sol ir embora. perderam a noção do tempo.

quando estavam pensando em voltar pra casa, o pai deles chegou do trabalho. a primeira vista ele nem os reconheceu, estavam extremante sujos e sorrindo, felizes.

O castigo que levaram foi um tanto severo, mas tudo valeu a pena. só assim descobriram que a infância é diversão e, acima de tudo, um pouquinho de má-criação.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

enquanto dure.

teve um dia em que ele notou que estava apaixonado por uma menina. se foi correspondido ou não já não importa pra essa história. ela foi aquele tipo de pessoa que chega de repente na sua vida, mas que sempre esteve ali e, depois, pra sempre ficou.

passou um dia, um mês e depois seis. o amor que ele sentia por ela não diminuía. a única diferença foi que ele passou a ter um sensação estranha, era como se aquele amor que exigia os dois juntos tivesse se mutado e virado um querer bem. não que ele não quisesse mais ficar com ela, mas não era mais uma prioridade.

quando aquilo completou um ano ele sentiu outra mudança. nascia um outro amor, por outra pessoa. não, ele não havia deixado de gostar dela, ele gostava das duas ao mesmo tempo. o interessante era que por uma ele morria de paixões ardentes, mas com ela, ele ficaria radiante apenas com uma tarde fria assistindo filme no sofá, abraçados.

sempre nos momentos de carência era nela que ele pensava. era com ela que ele construía, na mente, diálogos fascinantes e vivia momentos marcantes. ela não sentia a intensidade daquilo tudo. talvez, nem ele. por vezes ele sentia com se estivesse preso, mas sem cadeia e sem correntes.

pra ele, aquilo, definitivamente, não era algo ruim. com o passar dos anos aprendeu super bem a entender e conviver com isso. tinha ciúmes de cada namorado que ela teve, mas nunca deixou de ficar do lado dela em tudo. sustentava aquele amor infindável facilmente.

os anos passaram. o contato entre eles dois por vezes foi abalado, mas o amor dele nunca. houve meses em que tudo voltou e ele chorou e chorou. depois tudo passou. hoje ele tem uma namorada que ama a ponto de fazer loucuras e ela viaja pela europa. toda semana ele recebe um postal de sua amada e ela escreve pro amigo que tanto estima.

hoje ele ainda tem esperança que um dia dê certo, mas não trata isso como questão de vida ou morte.
estranhamente ele conta essa história pra todo mundo e depois pergunta "tu entende como é isso?", ninguém nunca entende.

mas eu, eu entendo.

sábado, 16 de agosto de 2008

...

eu estudo na melhor turma do meu colégio. é o que eles chamam de "turma olímpica". isto é, a turma que prepara os alunos pros melhores e mais concorridos cursos, como por exemplo: medicina, direito, ita, ime.

acho que por eu ter um contato muito forte com meus irmãos, diferente da maioria das pessoas, eu posso compreender o mundo em que eles estão inseridos. minhas duas irmãs estão inseridas nesses mundos, uma no do direito e a outra no da medicina.

sabe, eu vejo meus amigos de colégio hoje em dia e fico pensando como vai ser quando todos nós estivermos mais velhos. eu tenho uma idéia, quase sonho, de que nós vamos continuar amigos pra sempre e tal.

oquei, né. o que os 3 primeiros parágrafos de antes tem a ver?
é que acontece o seguinte: meus amigos do colégio são em sua maioria os que estudam na minha turma. então, esses amigos querem seguir alguns dos cursos exemplificados anteriormente. o estranho é que isso me dá um medo, sabe.

eu escuto diariamente minhas irmãs falando do tipo de pessoas que habitam esses mundinhos e o que eu ouço é, em boa parte, ruim. O que eu escuto não é a idéia romântica do povo de fora ou de quem idolatra a profissão não, eu escuto sobre os bastidores. e são lotes de pessoas com ego inflado e humanidade( que eles deveriam ter de montes) em falta. são juízes que mesmo não fazendo nada se acham muito, doutores que acham que o prefixo "doutor" vem antes de "pessoa" ou, ainda, alguns que acham que “Dr.” está colado ao seu nome próprio.

essas coisas que eu escuto é que me deixam com uma pulga atrás da orelha. será que essas pessoas já tinham essa natureza antes de entrar na faculdade ou foi lá que adquiriram? ou será, ainda, que foi já no mercado de trabalho que isso foi adquirido? o que me deixa com mais medo é a possibilidade de que esse comportamento seja, realmente, algo que se adquira. é por isso que diversas vezes tento fazer esses meus amigos mudarem de idéia sobre as profissões que querem seguir.

não gostaria nem um pouco de um dia ver meus amigos forçando um qualquer na rua a chama-los de "doutor(a)", vê-los ficar atrás de uma mesa enquanto alguém faz o trabalho deles e eles só assinam, nem de um dia sentir o desprezo deles por uma pessoa que não tem a mesma formação que eles.

o que eu espero dos meus amigos é que eles trabalhem muito e que nunca acreditem que por ser de uma determinada profissão eles são mais importantes que outras pessoas. e de mim eu espero estar errada. ainda vou encontrar meus amigos de hoje, sendo humanos e sendo meus amigos de amanhã.

aleatórias.

geralmente quando tou no messenger eu tenho uma mania meio idiota. por vezes eu tenho vontade que algumas determinadas pessoas entrem. aí, eu começo a ouvir várias musicas que me façam lembrar dessas pessoas ou, até mesmo, musicas que eu estava ouvindo outra vez quando elas entraram.

ouço as musicas diversas vezes e, obviamente, a pessoa não aparece por causa disso. sempre fico meio frustrada ou enjoada da musica.

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há algum tempo atrás eu tava com uma afta. ela estava posicionada em um lugar muito estratégico. doía quando eu falava, quando eu sorria e, até, quando eu comia.

hoje eu tava me lembrando disso. passei minha língua pelo local onde ela costumava ficar e senti que ela tá cicatrizando. ainda doeu um pouco quando coloquei a língua, mas é aquela dorzinha quase boa e não aquela insurpotável e contínua.

é tão bom sentir que algo assim tá acabando, que não vai mais lhe encher o saco. chega deu até uma felicidade.

domingo, 10 de agosto de 2008

pai.

ontem cheguei em casa cansada. poucos fonteneles estavam em casa, só a tábita e o george. o grande fontenele, meu pai, chegou um pouco depois, mas encontrava-se incapacitado de manter alguma conversação com qualquer um. de pouco em pouco os fonteneles que estavam foram embora. só meu pai continuou em casa, havia dormido e, então, acordado, já estava um pouco mais lúcido.

a internet não estava lá a coisa mais divertida e eu tava precisando de atenção. fui lá pro quarto dos meus pais, me deitei na cama e forcei meu pai a ouvir um pouco sobre minha viagem. um tempo depois nós começamos a ver as olimpíadas juntos. é tão bom ver essas coisas com meu pai. ele me ensina algumas regras dos jogos, me diz as colocações dos países e diz até o nome de alguns competidores que ele sabe decorado.

sabe, teve uma época que eu forcei meu pai a ler as coisas que eu escrevia. ele leu. comigo ele não comentou nada significativo, mas eu lembro bem de um dia em que ele falou pra um amigo dele que eu escrevia bem. por um momento eu pensei que eu era a melhor escritora do mundo. já que o meu pai, um cara que lê várias coisas boas e cultas, achava quem eu escrevia bem.

pra mim o meu pai é um dos caras mais inteligente do mundo. ele sabe muita coisa, sobre variados assuntos. acho que o que ele menos domina é cultura pop atual, mas daí nisso eu dou um suporte para ele. não sei se eu sou que me impressiono fácil, mas as vezes ele me deixa boquiaberta com as coisas que ele sabe. o velho só não é mais inteligente porque é deveras teimoso. depois de um amigo dele, o tio carlinhos, meu pai é o cara mais teimoso que eu conheço.

minha mãe diz que a cada dia que passa eu vou ficando mais parecida com meu pai. eu até que concordo com ela, mesmo achando que meu pai tenha algumas coisa bem chatas como características, mas tá no sangue. não posso fazer nada.

nem sei se meu pai acha isso também, mas eu, particularmente, adoro ficar um tempo com ele. a gente sempre troca umas idéias legais vendo tv ou quando saímos pra comer. ele sempre me diz umas coisas bem interessantes, umas curiosidades bizarras.

é aproveitando esse clima de dia dos pais, já que aqui em casa nós não damos chance ao comercialismo, que eu venho por meio desse texto dar chance ao sentimentalismo. esse texto é pro meu baba, meu papai, meu papis que eu tanto amo. mesmo sabendo que ele não vai ler, minha admiração e amor estão, ambos, gravados aqui no blog. ;D