quarta-feira, 20 de maio de 2009

behind my lips.

um riso insano toma conta de minh'alma.

aquele riso assim, meio escrachado, sem dentes e lábios tremulos. um riso de quem deixa passar mas não esquece, de quem tenta explodir, de quem a razão não se deixa sair, de quem guarda pra si.

aquele da certeza incerta, do preenchido vazio. das histórias em becos escuros, dos vilões de historia em quadrinho. do humano contra a besta. da tentativa de controlar um descontrole que já tomou as rédeas da situação.

não, não. aprendi com as pessoas certas que quem mais importa sou eu. e, para mim, só tenho sorrisos bobos, de dentes a mostra e lábios estáveis.

- opa, amigão. me vê um sorriso bobo com uma pitada de controle, por favor!

terça-feira, 19 de maio de 2009

pirraça

origens.

odeio barulho de despertador. odeio acordar, odeio dormir. todo esse ódio é devido a minha admiração, não explicita, pela inércia. nunca sei a hora de parar e nunca quero. por que não posso sempre continuar fazendo aquilo que já fazia antes? por que tudo sempre tem que ser interrompido, parado, antes que realmente acabe?

a casa estava vazia, como deveria estar. afinal, quem mora sozinho nunca gosta de descobrir que tem outras pessoas na casa. o apartamento semi-pequeno e quase-minúsculo estava totalmente iluminado pelo crepúsculo, bem bonito de se admirar. não tinha tempo, tomei banho, me vesti e saí.

ouvindo música no carro comecei a pensar em como aquela sensação era estranha. ir para casa, ver meus pais e meus irmãos sempre parecia um tédio, até eu chegar lá. então, toda a alegria da família-quase-perfeita tomava conta de mim. era, incrivelmente, muito bom estar com eles, batendo papo, comendo a comida da mamãe pirraça ou jogando alguma coisa. não muito grande, a minha horda é formada pelo papai, a mamãe, a irmã mais velha, o irmão mais velho (mais novo que a irmã mais velha) e eu.

cheguei a casa, digo, na casa da minha mãe, já estavam todos lá. a última reunião da família toda havia sido no natal e, pra mim, já parecia muito tempo. em menos de um mês todos pareciam bem diferentes. bom, pra falar a verdade, estavam todos iguais, eu que estava com saudade mesmo.

depois de algum muito tempo de conversa, de agüentar os irmãos mais velhos tirando sarro da minha cara, de enganar minha mãe sobre a situação da geladeira do meu apartamento e de agradecer mais alguns milhares de vezes ao meu pai, eu e meus irmãos decidimos ir jogar vídeo-game na casa do irmão mais velho.

a irmã mais velha foi a primeira a sair de casa. já com o emprego fixo e recebendo um bom salário, ela se casou e foi morar com o marido num apartamento cheio de coisas luxuosas e, também, um filho. já o irmão mais velho demorou um pouco mais, ainda não tinha um bom emprego. até que encontrou um ótimo emprego e mudou-se com a namorada pra um apartamento não-muito-grande-mas-bem-localizado, hoje ele mora lá só. devo logo avisar que a minha história de saída de casa não é nada de que eu me orgulhe. aproveitando-me do fato de meus irmãos já morarem em suas próprias residências, acabei implorando e conseguindo do meu pai o atual apartamento em que hoje sobrevivo. só o que espero é que daqui a um mês, ou seis, meus irmãos parem de me sacanear por isso.

os irmãos, tanto ela como ele, sempre foram os melhores em todos os sentidos. ela sempre agiu, desnecessariamente, como minha mãe, já ele ficava encarregado de me mimar sempre que possível. na hora de brigas com meus pais eles sempre procuravam mostrar meu lado para eles, já que eu nunca conseguia com as batidas das portas ou as com os objetos quebráveis jogados na parede.

meus pais, assim como meus irmãos, cumpriram com perfeição a missão que lhes foi proposta quando este bendito ser que os fala nasceu. meu pai é um homem com uma máscara. aposto que quando você o ver pela primeira vez pensará que ele é sério e mau, quando na verdade ele é o dono do coração mais mole do mundo e é um completo bobo, sorte a sua que a máscara dele cai fácil. minha mãe é, pra mim, uma pessoa intrigante, jamais conseguiria definir aquela mulher. ela é toda um misto de simpatia, força, maturidade, amor e muita opinião.


eu e os irmãos fomos, então, pra casa do irmão-homem. um apartamento curiosamente decorado em branco, sempre limpo e organizado, totalmente diferente do que eu pensaria para a casa de um homem solteiro de 28 anos. apesar de sempre dizerem que as irmãs se dão melhor com as outras, aquele era o apartamento que eu mais freqüentava. o meu irmão sempre foi o que eu tinha mais assunto, o que eu falava tudo e escutava também. não que ele fosse meu preferido, nunca tive coragem de escolher um, mas ele o que eu podia ligar na hora que quisesse sem atrapalhar ninguém mais. diferente dele, minha irmã já tinha família só dela, inclusive meu querido e primeiro sobrinho.

e então estávamos nós, as crias, os irmãos. juntos novamente com um propósito bem definido e cheio de significado. jogar vídeo-game! é, se existe uma coisa em que agradeço todo dia, santo ou não, é o fato de meus irmãos serem bobos. apesar d’eu me mostrar muito competente, não, eu não ia conseguir protagonizar esse papel sozinha.

domingo, 3 de maio de 2009

sagittarius.

movido pelo instinto. sagitário, a besta. partilha imperfeita de homem e animal.

consciência, por vezes, praticamente nula. existência questionável, fé inacreditável. pessimismo teatral, atuação inerente. aprisionamento na constante busca de liberdade. palavras não pensadas, pensamentos não traduzidos em palavras.

diversas flechas lançadas numa guerra pacífica. trotando rapidamente, buscando ora o por, ora o nascer do sol. transmitindo segurança, pela ausência dela e presença da bestialidade. emocionalmente animalesco. sem dores, sem maldade. traz, em si, a essência de ser

natural.