segunda-feira, 29 de junho de 2009

2046

te conheci de um jeito amargo, cheiro forte do seu cigarro. e, ainda assim queria te provar. me viciei no seu desprezo, me encantei com a sua encenação, fingindo me ignorar. mudei minha vida toda por você, você nem pra arriscar. eu cansei, não vou mais. o que é pra ser, só pode ser, se você quer. você nem tentou mudar. o que é pra ser, só pode ser, se você quer. você nem tentou me amar. e, foi assim tão de repente, o que era meu, agora já não é mais e nunca mais será. passei a andar tão distraído, passei a amar por pura convenção, fingindo me entregar. joguei minha vida fora por você, você nem pra arriscar. eu cansei, não vou mais

-moptop.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

dois mil e catorze.

05/06/09


na iminência de tornar-me sem-teto, resolvo então falar da copa de 2014, no brasil. copa essa que terá fortaleza como uma das sedes. alguém, por favor, me diz de quem foi essa idéia genial de por um país do tamanho do brasil para ser sede de uma copa? e como assim escolher cidades totalmente sem preparo para sediar jogos?

apesar de não saber muito da situação dos estádios esportivos e da infra-estrutura geral das demais cidades que vão ser sede de alguns jogos, posso dizer o que tenho ouvido de pessoas que sabem, pelo menos um pouco, sobre o assunto. e, o que eu tenho escutado não é lá muito bom, já ouvi que muitas das cidades vão ter estádios construídos do zero ou terão reformas, pagas pelo governo, que custarão valores bem exorbitantes.

já obtive informações que aqui, em fortaleza, o orçamento para os preparativos especiais para copa é de 9 bilhões e uns quebrados. para os menos remunerados terem noção da quantidade de dinheiro, isso dá para comprar 18367346938 esfirras de carne do habibs. são linhas de trem, metrô(até de superfície, coisa que não entra na minha cabeça), vários outros diversos meios de transporte, ruas não esburacadas, talvez uma duplicação da via-expressa e por ai vão várias coisas para maquiar a cidade e fazer do brasil um arremedo de país de primeiro mundo.

é na parte das reformas na cidade de fortaleza que chega-se a explicação da primeira frase desse texto. exatamente, eu talvez, não muito remotamente chegue a ficar sem-teto. como já havia dito existem projetos da prefeitura para mudar algumas vias de transporte e por meu prédio ser consideravelmente perto do trilho do trem, ele pode ter que ser derrubado para que haja espaço. o que mais me preocupa não é a minha possível futura falta de moradia, mas sim a das pessoas que moram na favela aqui ao lado do meu prédio. logo eles, eles que vibraram com a escolha da nossa cidade como sede, que pularam, soltaram fogos. em breve, eles vão ser retirados de suas casas e com certeza começarão a se perguntar algo que eu já me pergunto hoje. é mesmo de todo bem essa copa?

quinta-feira, 4 de junho de 2009

educando.

04/06/09



ele entra na sala, cumprimenta o professor respeitosamente:
- e ai, macho?!
o professor devolve o cumprimento e sorri lembrando-se de como um deles estava caindo de bêbado no final de semana passado. mais tarde, enquanto corrige as provas da etapa o professor percebe que por pouco aquele aluno não atingiu a nota necessária para passar. logo ele, tão bom, divertido, não merecia ter que passar as férias em recuperação. o professor, então, aplica-lhe uma nota maior do que ele merecia.

qual é o limite, eu me pergunto, para relação de intimidade entre aluno e professor? para mim, essa relação tem que ter um limite curtíssimo. sem tratamentos informais, sem camaradagem, sem qualquer demonstração de amizade ou, pelo menos, sem esses itens em plena sala de aula.

como aluna de terceiro ano(ano em que os professores já ficam mais soltinhos para se relacionarem com os alunos), eu digo por experiência própria o quanto o respeito aos mestres foi reduzido. a culpa já não é só dos alunos, mas também dos próprios professores que se igualam e viram, praticamente, colegas de seus alunos. já não há mais respeito, já não se leva em consideração as dicas de um professor e tudo isso dá-se por conta dessa inovação na relação professor-aluno.

um professor, pessoa que supostamente tem mais experiência, mais conhecimento e que está ali para passa-los aos jovens alunos pode, muitas vezes, acabar fazendo o trabalho contrário. eles já não são sóbrios, íntegros e respeitosos(mesmo que por interpretação), eles agora falam palavrões, gírias e vão para as mesmas boates que seus pupilos. não que os professores devam ser venerados e obedecidos cegamente, mas um “senhor” de vez em quando vai melhor que um “macho”, um “ei”.

apesar de toda contradição que sou, nesse assunto eu me vejo em uma posição muito conservadora. ainda acredito em professores que controlam uma sala, que exigem ser chamados de “senhor”, que são conselheiros e não amiguinhos de balada. pois, mesmo que eles não sejam completos bons exemplos para os estudantes, eles tem de tentar ensinar não só as matérias, mas também um modo correto de respeitar os demais, um modo correto de como se comportar em sociedade.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

polititica.

03/06/09



uma pequena parcela de pessoas controla instituições que procuram defender as opiniões de uma grande parcela de pessoas. o nome das instituições? partidos políticos.

em uma roda de amigos, sábado a noite, entre uma cerveja e outra, a política acaba tornando-se tema recorrente. do mais pobre ao mais rico, todos eles possuem um partido. um partido que assim como um time de futebol se torce, se alia. é de uma forma quase doentia que a sociedade encontra na divisão ideológica entre os partidos políticos mais um motivo para segregação.

algumas pessoas fecham os olhos para os participantes do bando e continuam esperando as mudanças ideológicas. outros já preferem o partido daqueles que são conhecidos. a grande maioria tem, além de um favorito, também um odiado, aquele que é sempre motivo de chacota, aquele que os integrantes são homossexuais ou que suas mulheres praticam o adultério.

existem alguns já cansados de guerra que não tomam partido, que como cazuza só têm de partido o coração. são esses que no bar se calam e podem observar a selvageria que uma discussão sobre política pode se tornar. pessoas gritando, defendendo outras que nem sequer conhecem, outras atacando sem provas e vai em bolsa-familia, capitalismo, crise, liberalismo, comunismo, partido verde e blá blá blá, enquanto a razão já vai indo para sua casa.

é incrível como política é um assunto delicado. um comentário menos cheio de eufemismos sobre alguma ação de um político pode virar caso sério de morte. e é assim, as pessoas vão idolatrando uma pequena turma, sendo devotas, apoiando tudo, mudando opiniões já formadas. pessoas que perdem o senso da liberdade de opinião do próximo, que julgam os outros por não concordarem com eles, que tentam impor sua preferência partidária aos demais. são pessoas que vão lavando seus cérebros e deixando-os abertos a qualquer opinião-pronta que se queira aplicar nele.

com essa esquisita cultura de adorar partidos políticos, deixa-se de avaliar o desempenho e a competência dos políticos individualmente para agrupa-los em times portadores de fortes torcidas organizadas. talvez esse seja o motivo das tantas decepções com a política atual, os partidos já não são uniões de políticos com os mesmo objetivos, as velhas ideologias vão sendo deixadas para trás. mas os cérebros lavados continuam ali, firmes e fortes... nos bares ladrando baldes de baboseiras sobre o partido rival.

terça-feira, 2 de junho de 2009

minha fortaleza.

02/06/09


“my city, i can not deny her. my city screams. she is my mother. she is my lover, and i am her spirit.”

-the spirit



minha força, meu abrigo, meu conforto. minha menina dos olhos, minha protegida, minha paixão sem motivo. é ela, ela que os pronomes possessivos não deveriam caracterizar, mas que caracterizam e a tornam do jeito que eu sinto, minha. infelizmente não nasci por essas ruas que hoje fazem do meu peito carnaval, mas foram nelas que encontrei um cantinho para depositar meu amor.

sei dos males, das misérias e das mazelas. tenho conhecimentos dos buracos das ruas e dos assaltantes delas. reparo na prefeitura omissa, nos moradores infiéis. encontro-me com a poluição, com o mal trato que multiplica-se a cada dia. sinto os odores e as angústias da cidade-forte que as vezes encontra-se solta e desprotegida.

entre as ruas, conhecidas e não, vejo as cores. lindas cores antigas, robustas e fortes, mas calmas. são ruas com construções sábias, prédios brincalhões. um misto harmonioso entre o passado e o presente. são bairros recheados de aventuras, de figuras folclóricas. um livro de história escrito no concreto do pavimento. são praias com areias finas, com banhistas animados e com uma maré brava. onde tudo de ruim é lavado pelas preciosas ondas do atlântico.

o clima e o povo são irmãos, exagerados os dois. muito calor, muita chuva. muita festa, muita animação. são pessoas que estendem a mão, abrem os braços ao abraço. provincianos que, mesmo com a modernidade, tentam e conseguem manter a cultura e alguns costumes de uma geração já passada.

sei bem que nem um quinto dessa cidade conheço, mas já me vejo conquistada por suas peculiaridades, seus becos escuros, suas ruas arenosas, seus espaços culturais, suas tantas praias, todas essas partes que aparentemente fizeram-se prontas para mim. e então, vou dando tempo ao tempo. ela vem vindo comigo, ao meu lado. eu passo vendo e em mim ela vai crescendo. e nela, eu sei, meus passos vão sendo marcados.
minha amante de hoje, meu amor de sempre.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

em qualquer lugar do Atlântico.

01/06/2009

desencontrados do mundo. entre águas ou, talvez por uma boa brincadeira do destino, entre terras. alguns esquecidos, outros tantos lembrados. quem sabe estão eles todos nadando sem rota definida, mas com um só rumo: a salvação.

são homens, mulheres e crianças. todos abandonados por uma sorte que costuma se ausentar sem dar avisos, sem bilhetes. são brasileiros e não-brasileiros que em um ponto do mapa, sumiram. ali, bem perto do nosso pequeno paraíso uma força maior derrubou-lhes sem pena. e então, fica a pergunta, que força será essa? um raio como dizem nos noticiários ou talvez algo ainda mais forte? seria o que chamamos de azar? ou o que chamamos de destino?

ainda jovem, mas já cética, eu particularmente acredito no azar. os tripulantes, os passageiros, os familiares e o resto de nós que do conforto da casa pasmados ficamos. todos sujeitos as coisas darem certo, todos sujeitos as coisas darem errado. e é assim, quase sem avisos, quase sem motivos que as coisas desandam e de um dia para o outro as pessoas que ali estavam já não estão mais.

entre os que observam e não participam, pergunto-me sem parar o “por quê” desse acontecimento, de quem foi essa idéia, de como aconteceu. pergunto-me, enquanto figa faço, se ainda há vida no corpo de qualquer um que no avião estava. tento de forma quase inútil passar, de longe, boas energias para os familiares, esses coitados que sofrem sem resposta, sofrem por ter esperança, sofrem por vê-la se esvaindo. torço, sem rezas, sem sortilégios, mas ainda assim torço para que exista alguém que por sorte ainda não tenha encontrado o que especulam que todos esses perdidos já encontraram.