segunda-feira, 21 de junho de 2010

perder o chão.

detalhes, detalhes podem ser responsáveis por toda uma edificação, por todo um inteiro. e para alguém que neles se prendem, desapegar-se é uma tarefa consideravelmente mais árdua. quando se imagina livre, então um pequeno relance faz toda diferença e traz a tona toda uma questão que se pensava esquecida, superada, acabada. não sei se é o ascendente em virgem, não sei se é por conta da criação com uma virginiana, mas desprender-se e não voltar atrás por conta de um detalhe parece para mim uma tarefa impossível, herculana.

então aquilo que era e não é mais vira uma coisa absurda, que dói, que tira pedaços que já nem sabe se existem de fato ou não, que machuca. ver o mundo se configurar diferente do tempo em que tudo era bom parece tão errado, mas já nem sei mesmo se o tempo era bom ou se a memória que anda ruim. mas e mesmo que fosse ruim, não, não aceito que tudo esteja diferente. eu ainda estou aqui, pronta pra fazer o que me for capaz. talvez tenha mudado, crescido, regredido, mas sou eu, não se muda alma ou carater, nem nada que de fato valha a pena. não se muda, não se deve mudar. não eu, não você.

quero de volta tudo o que um dia foi meu. quero pra mim, pra guardar, pra ser, pra ter e não deixar pra ninguem.
quero meu chão, meu amor.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

"se todo alguém que ama, ama pra ser correspondido. se todo alguém que eu amo, é como amar a lua inacessível. é que eu não amo ninguém, não amo ninguém. eu não amo ninguém, parece incrível. não amo ninguém
e é só amor que eu respiro."

quarta-feira, 9 de junho de 2010

blogging

tenho trabalho da faculdade amanhã, primeira aula, primeiro grupo a apresentar. e por mais que o sono esteja aqui presente, eu não consigo dormir. não quero me deitar e pensar no tanto que eu tenho que dizer, para tantas pessoas. queria ser ainda mais covarde, mandar carta, email, a quem interessa, pedir ao mundo que pare porque já não sei se tenho força pra lutar de volta. na realidade, na sinceridade mais real que possa existir, eu preciso que alguém me salve. preciso que alguém me salve dessa rotina ridícula, que alguém me salve de mim e de todas essas manias, da vida que eu levo. provavelmente esse é o único motivo de estar escrevendo isso agora, que alguém veja, que alguém coloque elmo e armadura - ou não - e que me salve.

talvez seja só um momento de desespero. aproxima-se um final de semestre recheado de solidão, não muito diferente do começo pra falar a verdade. parece que tudo começou a dar errado do nada, mas já faz tanto tempo. faz tempo que tudo anda meio pela metade, que as alegrias não passam de vodka, boates gays e algumas horas com boas companhias, mas no escuro do quarto não há nada mais que um quarto no escuro. não há ninguém comigo, nem você, nem ela, nem qualquer que seja. além do meu pessoal, não há mais ninguém. ninguém que me aguente, ninguém que eu aguente. e quem disse ainda hoje mais cedo que nasceu sozinha, agora implora por companhia qualquer, uma mão leve nos cabelos recém lavados, um olhar interessado. agora, quero amor, mas tendo em vista que não tenho poder algum de barganha, carinho serviria.

[engraçado como as coisas tem a capacidade de serem como castelos de areia, em um segundo, em uma marola, tudo está derrubado. e já não há mais tempo, não se pode juntar os pequenos grãos, eles nunca se formarão de novo, não da mesma forma. e o que resta é.]

passa ou parece.

domingo, 6 de junho de 2010

maybe three seconds is enough for my heart to quit it.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

por nós.

te vejo de manhã, sol refletido nas tuas carnes brancas. olho a sala vazia, invadida pela pobreza e te vejo sem roupa, ali no meio, perto das janelas sem cortina. sem cobertas, dando para ver através, mas sujas, turvas, as duas.

você, a moça que não fala o que pensa, olhar intimidador de quem procura assustar pra não admitir o proprio medo. me diz, vai, me diz, por que você sempre acaba fugindo? some e retorna, sem avisar, sem deixar bilhete qualquer. tenho sempre que me esgueirar pelo corredor, pra te ver nua ao nascer do sol, pra acompanhar teus passos em direção a porta que nunca consigo definir se são os últimos ou não.

não me deixa. já pensei em te dizer isso assim, sem qualquer drama, sem qualquer sentimento além desse, de não te querer longe, de querer ver tua pele refletindo a claridade. não quero te fazer de abajur na minha sala, te ter lá dia após dia, eu só não quero que você vá embora sem qualquer explicação, não me deixe.

me avisa, poxa. me diz quando você volta. penso que poderia fazer café da manhã, se você não quiser não faço nada, finjo não ter expectativas e que te encontrar na sala ao voltar do trabalho seja uma supresa. já te deixo até a chave, dentro do jarro, debaixo do tapete. eu só não aguento mais isso, essa falta de esperança que se apodera de mim logo quando eu te vejo, esse meu saber de que você vai embora. pior, saber que eu não sou o suficiente pra te impedir.

poderia te falar tudo isso, sempre poderia. mas não hoje, hoje acordei cedo pra te ver ainda nua na janela e te vi, te vi vestindo a roupa e saindo. te vi atravessar a rua e então fui. fui levar minha vida sem você, porque a vida com você não é mais que noites de sacanagem e poesia, amor e carne.

fiz café, sentei na sala e fiquei esperando qualquer coisa, qualquer cantar de passarinho ou batida de carro na rua, coisas assim que não acontecem. ouvi um barulho vindo de fora, com preguiça olhei ao redor. te vi na minha porta, emanando luz, com um vaso numa mão, chave na outra.

todas as vezes que fui, fui por ti e voltei por mim. mas existe um ponto onde mim e você já não existe, fico por nós. ela me disse, no meio da sala, entre sorriso e lágrimas. então fica, respondi tirando-lhe o jarro da mão.